Quando sugerimos uma sobremesa saudável todos pensam em gelatina, mas será que ela é saudável?
As embalagens são suuuper lindas e coloridas! Com desenho de frutas, bonequinhos destinados a chamar a atenção do público infantil… até aí tudo ótimo!! Agora, pega a LUPA e vamos ler o que está escrito naquelas letras minúsculas? A resposta para a questão anterior esta a nosso alcance, basta ler o rotulo de uma caixa de gelatina, compare abaixo a informação nutricional de uma gelatina tradicional e outra diet:
INFORMAÇÃO NUTRICIONAL “Imagem meramente ilustrativa. Este produto NÃO contém fruta.”“Pó para o preparo de gelatina sabor ARTIFICIAL de cereja, colorido ARTIFICIALMENTE e ADICIONADO de vitamina C.”
Tradução: fruta é só ilusão de ótica, porque sabor e cor são criados artificialmente. E para não piorar tanto para as crianças, a versão tradicional é adicionada de vitamina C a fim de que o produto seja considerado RICO em vitamina C :/
Ok, mas fora isso… A diferença entre a gelatina zero e a tradicional é que uma tem açúcar, enquanto a outra tem adoçante, certo?! ERRADO! Vamos pegar a LUPA novamente e conferir os ingredientes?
- Valor energético: para uma quantidade de 120 g de sobremesa pronta, os dois produtos apresentam uma quantidade baixa de calorias.
- Açúcares: na gelatina tradicional dá para perceber que praticamente toda a quantidade de carboidrato é proveniente do açúcar simples. Mesmo a gelatina zero apresenta a maltodextrina que também é um carboidrato de alta absorção. Ou seja, também causa um aumento da glicose no sangue.
- Sódio: o sal é o terceiro ingrediente em maior quantidade de ambas gelatinas e ainda tem o sódio dos adoçantes ciclamato de sódio e sacarina sódica.
- Vitamina C: presente apenas na gelatina tradicional. Mas, vale lembrar que é uma vitamina adicionada industrialmente.
- Obs: a gelatina zero não possui tuuuuudo zero, apenas o açúcar! Pois, contém baixíssima caloria (mas tem) e sódio. Em relação aos corantes, até que não nos preocupamos tanto quanto pela quantidade de adoçantes! Inacreditável, até mesmo a gelatina tradicional apresenta 4 tipos de adoçantes! Não sirva para as crianças!
VEJA AS LISTAS DE INGREDIENTES:
GELATINA TRADICIONAL:
Açúcar, gelatina, sal, vitamina C, regulador de acidez citrato de sódio, acidulante ácido fumárico, edulcorantes artificiais: aspartame, ciclamato de sódio, acesulfame de potássio e sacarina sódica, aromatizante e corante artificial bordeaux S.
GELATINA DIET:
Gelatina, maltodextrina, sal, regulador de acidez citrato de sódio, acidulante ácido fumárico, edulcorantes artificiais: ciclamato de sódio, aspartame, sacarina sódica e acesulfame de potássio, aromatizante e corante artificial bordeaux S.
Além das diferenças SUBLINHADAS existe a diferença na ordem dos adoçantes nos dois produtos. TEM ADOÇANTE E AÇÚCAR NA VERSÃO TRADICIONAL! Na cor rosa os adoçantes.
CORANTE BORDEAUX S.: Alguns estudos são contraditórios quanto à inocuidade carcinogênica deste corante, sendo, por medida de segurança, proibido nos Estados Unidos desde 1976. No Canadá é permitido, pois sua estrutura química é bastante semelhante a outros corantes considerados não carcinogênicos. Na Inglaterra seu uso é permitido em caráter provisório até que se apresentem estudos mais conclusivos. No Japão foi voluntariamente banido pelas indústrias de alimentos e na União Européia seu uso é permitido. Percebam que o fabricante não informa a quantidade de adoçantes nem de corante utilizados na gelatina. Por enquanto não há obrigatoriedade de se informar a quantidade de corante. Já vimos alguns produtos informando a quantidade de adoçantes utilizados. O problema disso é que, sem saber, nós podemos ultrapassar o índice diário aceitável de consumo desses aditivos.
Quer saber mais sobre os adoçantes? leia:
ASPARTAME: Foi relacionado ao aumento do risco de alguns tipos de câncer, tanto em experimentação animal* quanto em humanos. Um estudo realizado ao longo de 22 anos com homens e mulheres demonstrou que a ingestão de uma lata de refrigerante dietético por dia aumentava o risco de leucemia e de linfoma.** O aspartame é sensível ao calor, podendo haver perda de sua capacidade de adoçar e é perigoso para pessoas com fenilcetonúria, uma doença genética em que o indivíduo é incapaz de degradar a fenilalanina, já que este composto é metabolizado no trato gastrintestinal e parte dele se transforma em fenilalanina.
CICLAMATO DE SÓDIO: As dúvidas quanto à segurança de uso de ciclamato iniciaram após a observação de que alguns indivíduos e certos animais eram capazes de metabolizar ciclamato a cicloexilamina e de que a sua ingestão crônica aumentava a incidência de tumores de bexiga em ratos. Por esse motivo, o ciclamato foi proibido nos EUA em setembro de 1970. No Brasil o uso deste adoçante é permitido.
ACESULFAME DE POTÁSSIO: Foi aprovado pelo FDA em 1988. Não possui calorias, não tem sabor residual, não é metabolizado pelo organismo (é eliminado tal como ingerido). É estável em altas temperaturas, o que facilita a sua utilização em preparações de forno e fogão. Tem apresentações em pó ou líquido, geralmente associado a outros edulcorantes. A ADA (Associação Americana de Dietética) considera seu uso seguro.
SACARINA SÓDICA: A sacarina poderia ser o edulcorante ideal, pois possui alto poder adoçante, é estável a altas temperaturas, é solúvel em água e não possui poder carcinogênico. Porém, apresenta sabor amargo, o que faz necessária a associação com outros edulcorantes. A associação mais comum é com o ciclamato de sódio. No entanto, gestantes devem restringir o seu uso, pois foi demonstrado que a placenta é permeável à sacarina e pode permanecer nos tecidos fetais.
Além do que foi falado sobre esses adoçantes, atualmente alguns estudos sugerem alteração na composição da flora intestinal levando a disbiose intestinal e desenvolvimento de intolerância a glicose podendo levar a resistência a insulina, isso associado ao consumo de adoçantes. Leia mais em:
Também pela ativação de receptores de insulina na boca e intestino, por serem muito mais doces que o açúcar (exemplo: sucralose adoça 600 vezes mais que o açúcar) favorecem ao aumento de peso pela conversão da glicose em triglicerídeos no tecido adiposo. Leia mais em:
Efeitos colaterais do aspartame em:
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GELATINA A VILÃ |
MITO DA GELATINA:
Existe toooda uma propaganda de que a gelatina melhora a flacidez e de que elimina a celulite. Porém isso não é garantido, afinal, o colágeno não vai diretamente para o bumbum A gelatina é extraída do colágeno, especialmente do bovino. Quando a ingerimos, ela é quebrada para então tomar o rumo de que o corpo precisar no momento geralmente a principal necessidade seria para reparação de órgãos, tecido ósseo, articulações e somente se o seu metabolismo e processos digestivos e absortivos estiverem funcionando perfeitamente ela seria utilizada para questão da flacidez e mesmo assim a dosagem de colágeno seria baixa na gelatina, para cada idade a necessiadde de colágeno é diferente para esse efeito . A celulite é resultante de um processo multifatorial, que envolve retenção de líquidos e inflamação. Reduzir o consumo de doces e de refrigerantes e praticar exercícios físicos, com certeza, ajudam MUITO mais do que comer gelatina!
Michele M Reginatto - Nutricionista Estética Funcional e Fitoterapeuta
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Fontes:
*Soffritti, M. et al. First experimental demonstration of the multipotential carcinogenic effects of aspartame administered in the feed to Sprague-Dawley rats. Environ Health Perspect; 114(3):379-85, 2006.
**Schernhammer, E. S. et al. Consumption of artificial sweetener- and sugar-containing soda and risk of lymphoma and leukemia in men and women. Am J Clin. Nutr; 96(6):1419-28, 2012.
***Anivsa. Informe Técnico n˚ 40, de 2 de junho de 2009 – Esclarecimentos sobre o uso do edulcorante ciclamato em alimentos.
****Adoçantes artificiais- parte I. ABESO- Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica.
*****Vitolo, M. R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Ed. Rubio, 2008.
******Prado, M. A. & Godoy, H. T. Corantes artificiais em alimentos. Alim. Nutr., Araraquara, v.14, n.2, p. 237-250, 2003.